quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Patrona da Escola


JOSEFA BOTELHO



Nascida em Natal aos 16 de abril de 1889, era filha de José Paulino de Carvalho Botelho e de Maria Marcolina Botelho. Seu Genitor era ferroviário e a família – por tradição – inclinava-se para as letras, artes, música popular e magistério, como foi o caso de Josefa e suas irmãs Helena e Alzira. Josefa e Helena, ainda jovens, concluíram o Curso da Escola Normal de Natal – Turma Pioneira de 1910 – ao lado de intelectuais da época (42), destacando –se, entre eles, professores Luiz Antônio dos Santos Lima e seu irmão, Nestor; Severino Bezerra; Luiz Soares; Anphilóquio Câmara; Beatriz Cortez; Antônio Fagundes; Elcina Fernandes; Judith Bezerra; José Ivo Cavalcanti; Clementino Câmara e Carolina Wanderley, entre outros não menos conhecidos.
Canudo na mão, as irmãs Josefa e Helena, por concurso público, foram nomeadas para exercer o magistério na cidade de Caicó, sendo elas as primeiras professoras formadas, na mencionada cidade, onde permaneceram por vários anos. Lá, desenvolveu Josefa Botelho intensa atividade cultural, procurando envolver a comunidade nas coisas da educação, chegando a ser idolatrada por sua competência, fácil comunicação, temperamento ameno e cordial. Ensinou a várias gerações, o que lhe permitia vibrar com o sucesso profissional dos ex-alunos.
Canguaretama, Ceará-Mirim e Natal receberam-na de braços abertos, tendo lecionado nos respectivos grupos escolarese, na capital, exerceu o magistério nos grupos Augusto Severo, Izabel Gondim e João Tibúrcio. Por onde passou, procurou transmitir aos alunos o que de mais moderno poderia ser consumido na sala de aula usando, talvez, por antecipação, o método áudio-visual, porque utilizava nos ensinamentos relógios de paredes, para ensinar os algarismos romanos, quadros, mapas e tantos outros meios para facilitar a aprendizagem. Foi, na verdade, uma educadora avançada para o seu tempo. Presbiteriana, já naquela época, praticava o ecumenismo, tanto que afilhada do Padre João Maria de Brito, por decisão paterna, professora e amiga do Monsenhor Walfredo Gurgel, por escolha pessoal. O seu protestantismo, ao invés de afastá-la das pessoas de outros cultos religiosos, aproximava-a, como são exemplos os laços de amizade que manteve com o Monsenhor Landim e o Padre Monte.
Já aposentada, continuou a lecionar com vocação sacerdotal, estimulando a todos, estranhos e familiares, preparando-os nas letras e instruindo-os para a vida, sempre utilizando um português escorreito e escrevendo em estilo admirável. Desse elenco de afilhados culturais, inclui-se um sobrinho que exerceu, na Prefeitura de Natal, os cargos de Secretário de Administração, Chefe do Gabinete Civil e Procurador-Geral.
O magistério absorveu tanto, que veio a contrair núpcias com o Português Carlos Cazal, já quarentona. Os dotes maiores de Josefa Botelho, entretanto, foram a bondade, o amor ao próximo, a compreensão e a profunda fé nas coisas divinas. Faleceu lúcida, no Hospital das Clínicas Onofre Lopes, em data de 29 de novembro de 1978, pregando: “Estou preparada para Deus”.

ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS

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